Crônicas da Vida: Dito certo ou errado, melhora é melhora

 

Recebi um ultimato do meu endocrinologista, em fevereiro/2021.

Se ao voltar com ele, os indicadores de açúcar estivessem ainda altos, iríamos começar a considerar a possibilidade de iniciarmos com injetáveis.

Fiz a única coisa possível neste cenário: cancelei o retorno de maio, adiando para agosto.

Como vi que tal ação me dava tempo, mas não seria suficiente para resolver a questão, me matriculei em uma academia.

Sempre andei muito. 

No ensino médio, eram trinta minutos de caminhada de casa até a estação de trem.

Todos os dias, de segunda a sábado, ida e volta. De mochila e calças compridas.

Até hoje é assim – mesmo com um “ligeiro sobrepeso”, caminho boas distâncias sem sobressalto.

Então, com meus três quilômetros na esteira, eu achei que estava “abafando“.

Perda de peso… nada. 

Mas como me disse minha caçula Gabriela, “o senhor está ganhando massa muscular”.

Um anjo motivador, essa minha filha.

Aí falei para minha filha Amanda, todo empolgado, que estava andando três quilômetros todo dia… 

Dava quase uma hora, na velocidade de 3,6 Km/h, mais aquecimento e “esfriamento” (cool down, não sei a tradução mais adequada…).

Foi quando ela me disse que nesta velocidade eu não estava “queimando” nada. 

Fui ler mais e vi que abaixo de 4,8 Km/h, é nada mesmo…

Comecei a aumentar um pouco… um pouco… um pouco mais…

Em um dia, eu estava em 5,4 Km/h, e disse para mim “hoje chego a 6 Km/h, nem que seja por uns dez segundos…

Nessa hora, na minha playlist aleatória do Deezer, começa a tocar o tema de Missão Impossível…

Temos que ouvir o Altíssimo: os 6 Km/h ficarão para outro dia.

Todo dia minhas filhas me davam a maior força, mas vez ou outra Amanda citava que eu precisava “fazer um treino”.

Já dormia melhor, já comia melhor, me sentia bem, mas o peso só variava em função de eu estar usando usando short ou bermuda…

Ganho de massa muscular, sem dúvida… 

Mas resolvi tocar a frente a ideia do treino.

Comecei a fazer, com orientação do professor.

No primeiro dia, eu comecei a pensar que os injetáveis não eram tão ruins assim…

Doía tudo – do músculo do pescoço até a planta dos pés.

Mas perseverei. Estou nessa, há pouco mais de um mês.

Treino alternado com cárdio.

Por sinal, o cara que inventou o elíptico, deve estar ardendo na chama do inferno…

Mas, toca o barco…

Em agosto, seis meses depois da consulta anterior, voltei com o endocrinologista, com exames atualizados.

Nunca tinha sido elogiado por um médico antes; fiquei até emocionado.

Nada de injetáveis, indicadores bem melhores, melhora no quadro geral.

Não houve perda significativa de peso – tudo bem, é ganho de massa muscular…

Meu pai estaria orgulhoso de mim, creio.

Ele sempre teve um jeito muito peculiar de falar.

Algumas palavras, ele simplesmente não conseguia dizer.

Sanduíche era uma delas – saía algo parecido com “senduísse”.

Outra, era FIAT, a marca de automóveis – era FÍET, não importa o quanto eu ensinasse…

Às vezes, estou na academia, e parece que ouço ele falar: “E aí, Tá-Zã?

Tarzan era outra dessas palavras “difíceis”…

 

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