Crônicas da vida – A Márcia o que é de Márcia

Amanda, com cinco anos, já está lendo tudo. Já escreve também, mas ainda tem dificuldade com algumas palavras e letra cursiva. Como eu recebo pelo menos uns dois e-mails por dia com adultos escrevendo exceção com dois S’s e próximo com “C”, acho que a grafia da minha filha está uma maravilha. Meu pai diz que se ele tivesse estudado ele era doutor. Acredito nisso. Ele não conhece a Lei Angular de Tales e e nem sabe a capital do Afeganistão. Mas sempre demonstrou inteligência e sabedoria para saber viver e se deslocar pelo meio onde transitava. Eu estudei e consegui a minha graduação superior. Mas só pude entrar na escola primária (na minha época se chamava assim) quase com oito anos pois a escola pública no Rio de Janeiro na década de 70 só aceitava crianças com sete anos completos. Mesmo com três turnos diários, não tinha vagas para todos. Eu comecei melhor que meu pai e dei uns passinhos a frente. Minha filhas estão começando melhor do que eu e espero que deem mais passos a frente, ainda maiores. Mas nesse episódio da leitura, méritos a minha esposa. Foi ela quem “peitou” a escola, dizendo que o ritmo era fraco, e provando que bastou um pequeno estí­mulo para que Amanda começasse a ler. Bastaram três semanas com uma professora extra três horas por semana, e Amanda começou a ler tudo. Um dia, falando com ela, minha esposa disse – “Sim, filha, você já está lendo, mas graças a mã… graças a mã…” e ela completou – “Da”. Sabemos que foi graças a mamãe, mas que ficou engraçado ficou. Graças a mã…da. Graças a Amanda, de ter conseguido aprender, mas graças a mamãe de ter feito acontecer. A Márcia o que é de Márcia…

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