Completei quarenta anos setembro próximo passado. Por compromisso de trabalho, passei a semana do aniversário em Brasília. Meu companheiro de quarto, no dia do aniversário, foi se encontrar com um casal de amigos dele. Gentilmente me convidou a ir, mas declinei da oferta. Fiz quarenta anos num treinamento de Certificação Digital e jantando sozinho na Vivenda do Camarão, no cerrado. Mas não estava triste. Aos dez anos, achava que não ia ganhar nada, mas sem entender as profundas dificuldades financeiras do meu pai, fiquei o dia todo dando indiretas, largando publicidade de lojas pela casa, e nenhuma movimentação. Não houve festa, mas de noite meu pai me deu uma bola. Uma dessas “dente de leite”, coisinha barata, mas eu fiquei tão feliz que é difícil explicar. Meses depois, minha bola acabou furada por uma doida na frente da casa do Clóvis, mas não teve problema: eu já a tinha ganhado. Ninguém mais me roubaria isso. Ou furaria…
Aos vinte, um pequeno bolo na casa do meu pai. Foi o último aniversário que eu fiz morando no Rio. Duas semanas viajei para Belém sem saber ao certo quanto tempo ficaria, e a incerteza já dura vinte anos. Já tenho até habilitação tirada aqui !!! (veja os blogs anteriores) Tenho as fotos do meu pai ainda jovem, com os cabelos pretos e a saúde lá em cima!!! Uma boa recordação, sem dúvida.
Aos trinta, um churrasco desses de dia inteiro com amigos de diversos lugares. O churrasco durou o tempo previsto, mas as amizades não. As pessoas, mesmo queridas, foram se afastando pelos rumos da vida, meu e deles. E aos quarenta, eu só em Brasília. Mas eu realmente não estava triste. Minha família bateu parabéns pra mim, mesmo com minha ausência. Minhas filhas sopraram o meu bolo. E me mandaram mensagens pelo celular, além de falar comigo. Senti falta de estar com elas, mas eu sabia que tinha para onde voltar. Na véspera da minha volta, caiu o avião da Gol, o fatídico voo 1907. Condolências às famílias e luz aos espíritos libertados. Mas eu pude voltar pra casa. Tive do que sentir falta, lamentei a ausência mas pude voltar para matar a saudade da minha família. Foi um bom aniversário, pelo conjunto da obra. Os cinquenta ? Vamos esperar…