Crônicas da vida: Adultos não redistribuem pirulitos

Era domingo do Dia dos Pais de 2013, e depois de um excelente almoço, estava descansando no sofá com minha filha caçula Gabriela, então com 8 anos, quando começamos a conversar, antes de irmos ao supermercado.

De repente, ela me disse que queria processar a escola.

Me assustei. Gabi é guerreira e repleta de senso de cidadania (como a mãe), mas desta vez me assustei. Processar a escola?

Ela queria saber como processar a escola pois tinha ocorrido uma atividade de montar quebra-cabeça, e a equipe dela foi prejudicada pelo vento. Imagino que o ventilador da sala de aula estivesse ligado, e pela posição das mesas, isso prejudicou sobremaneira a equipe na qual ela participava.

Gabriela é muito boa em quebra-cabeças, posso garantir. Desde pequena eu compro para ela, cada vez mais complexos: 50, 100, 300, 500, 1000 peças. E ela sempre consegue montar, e sempre muito rápido. Seguramente, algo fora do controle atrapalhou a atividade do grupo dela na escola.

Mas o fato é que outra equipe ganhou. Gabriela e sua equipe tiveram que lutar com dificuldades adicionais além do controle, que outros não tiveram, e fizeram o melhor que puderam. Mas a outra equipe ganhou.

A professora fez com que os “perdedores” distribuíssem pirulitos para a equipe vencedora.

Uma amiga dela, membro da equipe vencedora, pegou um dos pirulitos e deu para a Gabriela – sabedora do esforço, certa do seu talento, e confiante que ela passou por dificuldades que os outros não passaram, ela se sentiu vitoriosa.

Sempre falo alguma coisa, quando ouço as histórias dela. dessa vez, quem ouviu foi eu.

As vezes na vida temos que nos consolar com o conforto de saber que fizemos o melhor. E pronto.

Afinal, adultos não redistribuem pirulitos…

Esta entrada foi publicada em Publicações. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário