A tulipa da paz

            E de repente, ele estava num grande gramado. A relva cobria a terra, cobrindo tudo como um tapete natural. Ele viu que tinha na mão uma semente dourada, e lhe pareceu natural jogá-la no chão. 

            A terra se abriu, a semente se enterrou, e rapidamente uma singela tulipa dela brotou. Linda, formosa e pequena, como convém a uma flor. E ele, com a rapidez do pensamento, foi diminuindo, ficando tão pequeno que pode entrar nela. 

            A tulipa vibrava numa frequência muito sutil, muito harmoniosa, e ele foi entrando em sintonia com ela. Ele se acomodou gentilmente entre as suaves pétalas da tulipa, e foi assimilando uma sensação de profundo conforto e segurança. 

            Tanto do seu peito como do estômago, ambos minúsculos agora, fachos de luz projetavam-se aos borbotões, espalhados de forma difusa, lançando-se para longe do seu corpo. Ele pensou em locais afins e pessoas simpáticas, e imediatamente os raios dirigiram-se a eles. 

            Ele viu a casa dos seus parentes, recebendo a luz como que num dia de sol. Ele viu as pessoas de sua afinidade sendo alcançados em plena rua pelos raios. Ele viu a planta do quintal do seu vizinho recebendo os raios. Bastava pensar, e o raio estava lá. 

            E ele sentiu a paz de estar na tulipa. Ali ele era inatingível, embora pudesse lançar todas as cores para onde quisesse. Ali ele estava seguro. Ali ele estava harmônico. Ali ele estava em paz. 

            Então ele cresceu e pisou no chão de novo. Mas agora sabia que a tulipa estava lá, fruto da semente dourada que ele sempre teve na mão. E sabia que quando qualquer coisa ameaçasse sua paz, a tulipa estava sempre ali. Era só voltar a ela. 

            Talvez pra você não seja uma tulipa. Seja uma rosa, uma petúnia, uma orquídea, um lírio. Não sei. O que eu sei é que a semente dourada está na sua mão. Jogue-a no seu chão. Seu chão é mais fértil do que você imagina. E além disso, certas coisas independem de nossa crença ou compreensão. Elas apenas…são.

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