Era um lugar diferente dos habituais.
Já me habituei a vivenciar experiências com o mestre nos mais diversos cenários.
O belo, o feio, o alto, o baixo, o ontem, o amanhã…
Muita sujeira, muita poeira, pouca visibilidade, um cheiro ruim…
Antes que eu perguntasse qualquer coisa, o Mestre falou:
“É na Terra, mesmo.”
“E…”
Desta vez ele nem fez aquele suspense de cinema, como se quisesse que eu chegasse sozinho à conclusão…
“Lembra daquela montanha bonita, onde o rio fazia uma curva, percorrendo dois leitos e criando uma ilhazinha entre eles?”
“Sim. Rimos muito neste local, dando nomes a cada braço deste rio… homenagem a um amigo que era muito enrolado… dava voltas para chegar ao mesmo lugar…”
“Na caminhada, vemos muitos caminhos, pessoas, sentimentos, experiências.”
“Sim, a riqueza vem da interação – já escutei esse puxão de orelha…”
“Bom você não esquecer, mas não é sobre isso que falaremos hoje.”
“E o que é?”
“Veja este lugarzinho bem desagradável. Olhe bem.”
“Eu sou um homem de origem modesta. Já estive em lugares feios. O que quer destacar?”
“Que na vida encontramos modelos de quem queremos ser, do que queremos vivenciar, de onde queremos estar…”
“Sim. Eles nos dão perspectiva, esperança… às vezes, até alento…”
“Mas também conhecemos lugares desagradáveis, pessoas ruins, experiências dolorosas…”
“E…”
“Os dois tem serventia.
O querer vive nos sonhos. O não querer abre os olhos.
Agradeça pelo que tem ou teve, mas não tenha receio de pedir explicitamente ao universo o que você quer.
Pois pelos passos naturais do crescimento ou por motivos não tão nobres, as pessoas podem um dia acordar sem incluir você nos planos delas.
E aí, você anda.
Pois tanto o sol como a neblina cegam; mas ambos têm utilidade para você.
Confia. Sempre.“
E o Mestre fez um gesto com a mão, e o vento afastou a poeira, e mostrou um belo campo, em uma colina mais a frente.